O CONCEITO DE JUVENTUDE
O conceito de Juventude é relativamente recente, e é definido geralmente, como um estado intermédio entre a infância, idade da irresponsabilidade, e a vida de adulto, idade da responsabilidade. Esta diferenciação surge apenas durante o século XVII e, nesta altura, aplica-se apenas a uma classe: a nobreza.
Contudo, durante o séc. XIX, o estatuto alarga-se à classe que substitui a nobreza no poder: a burguesia. Aqui, o período situava-se entre o acabar dos estudos e o iniciar uma profissão. Ao longo destes dois séculos, todas as restantes classes sociais, passavam diretamente da infância à vida adulta, através do mundo do trabalho.
É só no nosso século que o estatuto de jovem se passa a aplicar a todas as classes da população nos países industrializados. O jovem passa a ser um indivíduo de um determinado grupo etário.
Para além do estatuto legal, o papel do jovem não está bem definido na sociedade portuguesa. Sendo a juventude, uma categoria socialmente construída no contexto de determinadas situações econômicas, sociais ou políticas, é uma categoria sujeita, pois, a modificar-se ao longo do tempo, de acordo com as condições socioculturais.
Mesmo a noção comum de jovem, muito associada a fases etárias, tem-se vindo a tornar cada vez mais difícil de delimitar, pois as exigências da vida do pós-modernismo tendem a prolongar a permanência em casa dos pais e a dependência relativamente a estes. O chamado generation gap (fosso geracional) nunca foi tão grande nem se fez notar de forma tão nítida. A distância sociocultural é agora tão grande entre pais e filhos, como era gerações atrás, entre avós e netos. Nestas condições, o critério etário torna-se insuficiente para definir jovem.
Temos assistido a grandes transformações no sistema social, quer a nível da organização da rede escolar, com o prolongamento da escolaridade; quer ao nível da dependência do jovem perante o núcleo familiar devido ao adiamento da inserção do jovem no mercado de trabalho. Isto leva a que a realidade se afaste do conceito tradicional de juventude . Existe assim uma indeterminação social do que é a juventude, e consequentemente da(s) sua(s) realidade(s). Trata-se de uma zona de incerteza sociológica.
Também a aparentemente simples noção de inserção no mercado de trabalho, é multifacetada. Além da diferença entre jovens que trabalham, e os que não trabalham, há ainda que distinguir entre aqueles que desenvolvem uma atividade profissional estável (com contrato, a tempo inteiro, e razoavelmente bem remunerada); e os outros, que trabalham sobretudo para complementar as prestações familiares, cujo consumo é direcionado essencialmente para os gastos no lazer. Nestes casos, abunda o part-time, e o trabalho temporário e/ou precário, em suma, aquilo a que J. M. Pais chama o mercado de trabalho secundário, nos sectores "subterrâneos" da economia (PAIS,1994: 18).
Alex Félix dos Santos
Sérgio Augusto Baldin Júnior, sdb
Em SUBSÍDIO DE PREPARAÇÃO PARA O CONGRESSO DE JOVENS LÍDERES DE ORATÓRIOS E OBRAS SOCIAIS/POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A JUVENTUDE
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