Como o jovem olha para si mesmo
Abdalaziz de Moura
(SERTA)
Dependendo da forma como o adolescente ou o jovem se concebe, olha para si mesmo e se imagina a si próprio, assume tal ou tal atitude diante da vida. Por exemplo, se ele olha para si como uma pessoa que não tem capacidade, que só traz problema para os pais e professores, que ninguém lhe escuta, nem lhe entende, esse jovem ou adolescente vai se comportar seguindo sua concepção. Ele vai sentir-se inseguro diante dos outros, vai sentir-se tímido, acanhado, sem iniciativa, ou vai procurar um jeito estranho de chamar a atenção dos outros ou vai procurar reforço fora de si, na bebida, no apoio de um amigo ou de um líder para enfrentar o mundo.
Mas se o adolescente se olha com uma outra concepção, por exemplo, como alguém que tem potencialidade, capacidade, que tem uma palavra que lhe é própria, desenvolve idéias próprias, pode contribuir com a solução dos problemas, esse jovem vai tomar atitudes de protagonistas, com autonomia, auto-estima, autoconfiança e não vai precisar de apoio externo ou de estimulantes para se guiar na vida.
Essa diferença é muita maior do que imaginamos. E como vemos tem repercussão imediata sobre a vida das pessoas. Sobre o rumo da vida das pessoas. As concepções ajudam as pessoas a construírem as respostas sobre as grandes interrogações, sobre o para que, porque, qual o sentido da vida, do bem, do mal, do amor, do ódio.
Por isso é tão importante o jovem ou o adolescente, como qualquer outra pessoa, ter mais clareza sobre suas concepções a respeito das pessoas. Sabemos que tradicionalmente pinta-se um quadro onde o adolescente é um aborrecente, um revoltado, uma pessoa imatura, que depende do dinheiro do pai ou mãe, depende da autoridade. Essa concepção não é a da formação do ADL, o ADL é o contrário de tudo isso. Mas é ele que tem que construir essa concepção.
A mesma coisa com os produtores que formamos. Nós não vamos fazer formação só com os conhecimentos de conservação de solo, de controle de pragas, de planejamento da propriedade. Vamos também desenvolver conteúdos filosóficos. Esses conteúdos vão orientar as técnicas. Com as professoras, não vamos fazer formação só com os conhecimentos didáticos, com psicologia, com sociologia, vamos, sobretudo, desenvolver filosofia, concepções pedagógicas. De acordo com a concepção filosófica, com a imagem que ela faz de seu papel, ela vai se relacionar com os alunos, com as famílias, com os textos, com as dinâmicas, com o planejamento e a avaliação.
Leitura complementar:
Serrão, Margarida e Beleeiro Maria Clarice,
Aprendendo a Ser e a Conviver, FTD e Fundação Odebrecth, 1999
Costa, Antônio Carlos Gomes da,
Protagonismo Juvenil, adolescência, educação e participação democrática,
Fundação Odebrecth, 2000, Salvador.
____, Encontros e Travessias, o adolescente diante de si mesmo e do mundo.
Serta,
Idéias em construção,
Documento 04,
Que diferença existe entre a concepção de desenvolvimento do Serta e outras. 2001.
____, Idéias em construção, Doc 05 2001.___, Dicas sobre o Protagonismo
____, A ética na Peads