sexta-feira, 28 de novembro de 2008
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
MATERIAL DE APOIO - Texto
O ETHOS QUE CUIDA - Leonardo Boff
Quando amamos, cuidamos e quando cuidamos amamos. Por isso o ethos que ama se completa com o ethos que cuida. O "cuidado" constitui a categoria central do novo paradigma de civilização que forceja por emergir em todas as partes do mundo. A falta de cuidado no trato da natureza e dos recursos escassos, a ausência de cuidado com referência ao poder da tecnociência que construiu armas de destruição em massa e de devastação da biosfera e da própria sobrevivência da espécie humana, nos está levando a um impasse sem precedentes. Ou cuidamos ou pereceremos. O cuidado assume uma dupla função: de prevenção a danos futuros e de regeneração de dados passados. O cuidado possui esse condão: reforçar a vida, zelar pelas condições físico-químicas, ecológicas, sociais e espirituais que permitem a reprodução da vida e de sua ulterior evolução. O correspondente ao cuidado em termos políticos é a "sustentabilidade" que visa encontrar o justo equilíbrio entre o benefício racional das virtualidades da Terra e sua preservação para nós e as gerações futuras. Talvez aduzindo a fábula do cuidado, conservada por Higino (+17,d.C.), bibliotecário de César Augusto, entendamos melhor o significado do ethos que cuida.
"Certo dia, Cuidado tomou um pedaço de barro e moldou-o na forma do ser humano. Nisso apareceu Júpiter e, a pedido de Cuidado, insuflou-lhe espírito. Cuidado quis dar-lhe um nome, mas Júpiter lho proibiu, querendo ele impôr o nome. Começou uma discussão entre ambos. Nisso apareceu a Terra alegando que o barro é parte de seu corpo e, que por isso, tinha o direito de escolher um nome. Gerou-se uma discussão generalizada e sem solução. Então todos aceitaram chamar Saturno, o velho deus ancestral, para ser o árbitro. Este tomou a seguinte sentença, considerada justa: Você, Júpiter, deu-lhe o espírito, receberá o espírito de volta quando essa criatura morrer. Você, Terra, que lhe forneceu o corpo, receberá o corpo de volta, quando esta criatura morrer.E você, Cuidado, que foi o primeiro a moldar a criatura, acompanha-la-á, por todo o tempo em que viver. E como vocês não chegaram a nenhum consenso sobre o nome, decido eu: chamar-se-á homem que vem de humus que significa terra fértil".
Essa fábula está cheia de lições. O cuidado é anterior ao espírito infundido por Júpiter e anterior ao corpo emprestado pela Terra. A concepção corpo-espírito não é, portanto, originária. Originário é o cuidado "que foi o primeiro a moldar o ser humano". O Cuidado o fez com "cuidado", zelo e devoção, portanto, com uma atitude amorosa. Ele é, anterior, o a priori ontológico que permite o ser humano surgir. Essas dimensões entram na constituição do ser humano. Sem elas não é humano. Por isso se diz que o "cuidado acompanhará o ser humano por todo o tempo em que viver". Tudo que fizer com cuidado será bem feito.
O ethos que cuida e ama é terapêutico e libertador. Sana chagas, desanuvia o futuro e cria esperança. Com razão diz o psicanalista Rollo May:"na atual confusão de episódios racionalistas e técnicos, perdemos de vista o ser humano. Devemos voltar humildemente ao simples cuidado. É o mito do cuidado, e somente ele que nos permite resistir ao cinismo e à apatia, doenças psicológicas de nosso tempo".
FONTE: www.leonardoboff.com
Leonardo Boff
Teólogo da Libertação, escritor, professor e conferencista, doutor em Teologia e Filosofia pela Universidade de Munique (Alemanha), professor de Teologia e Espiritualidade em vários centros de estudo e universidades no Brasil e no exterior. Autor de mais de 60 livros nas áreas de Teologia, Espiritualidade, Filosofia, Antropologia e Mística.
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
terça-feira, 11 de novembro de 2008
MATERIAL DE APOIO - Texto
Resiliência
Vania D´Angela Dohme
Do texto: O Protagonismo Juvenil e os Grandes Educadores
A resiliência é um conceito novo nas ciências sociais e humanas, inspirado em um termo utilizado na física que se refere à capacidade dos metais de resistir a impactos recuperando rapidamente a resistência dos corpos à ruptura. É um conceito que relaciona tensão, resistência, mas também, de armazenamento de energias.
Em ciências humanas este conceito representa a capacidade de um indivíduo, mesmo num ambiente desfavorável, construir-se positivamente frente às adversidades. Analogicamente à física ele envolve conceitos de tensão, resistência e armazenamento de experiências, mas vai além, o seu sujeito, neste caso a pessoa, não somente recupera a sua antiga forma, como fica melhor, mais forte e seguro.
Como enfrentar as adversidades? Como prevê-las? Como minimizá-las? Existirá um “país das Maravilhas” onde tudo é perfeito e previsível? É claro que não, e por mais que procuremos formas de prever adversidades e diminuir riscos, seja através das ciências ou das estatísticas, a infinidade de combinações possíveis entre os fenômenos naturais e sociais sempre poderão nos surpreender. E por mais que no preparemos, sempre haverá momentos que nos requisitem novos conhecimentos e habilidades.
É inegável que a complexidade da sociedade segue em progressão geométrica, fundada no formidável avanço tecnológico, na instantaneidade das comunicações e nos fenômenos da globalização.
Perante este dois fatores, a imprevisibilidade das adversidades e a complexidade da vida atual, não basta estar preparado, é preciso desenvolver a capacidade de não se deixar abater pelas circunstâncias inesperadas e incontroláveis. Desenvolver um permanente estado de alerta, forte o suficiente para manter-se no controle da situação, reagindo positiva e criativamente e, ainda, discernindo nesta experiência o que pode ser adquirido.
Se as adversidades não podem ser previstas ou evitadas, precisamos aprender a ganhar com elas. E mais do que aprender, alguns de nós precisam ensinar...
Desenvolver a resiliência não é prevenir riscos e adversidades e sim buscar maneiras de conviver, e se fortalecer, com eles.